Polícia Militar do Rio parou, há cinco anos, de orientar policiais a lidar com distúrbios civis
Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro O comandante da Polícia Militar, coronel Erir Ribeiro, disse hoje (18) que a instituição retirou do currículo da formação de policiais, há cinco anos, a disciplina que os ensinava a lidar com o controle de distúrbios civis. Segundo o comandante, apesar disso, o Batalhão de Choque, unidade especializada neste tipo de ocorrência, continua a ser treinada.
O comandante e o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, afirmaram hoje que a polícia ainda não sabe muito bem como lidar com as manifestações que estão ocorrendo no Rio de Janeiro, que começam pacíficas e, depois, transformaram-se em atos de vandalismo, violência e roubo.
Trata-se de uma turba, de ações difíceis, complexas, em que por vezes colocam a polícia entre a prevaricação e abuso de autoridade. A solução é intermediária. O problema é que se busca essa solução em meio a um cenário de caos. [Há] que ter discernimento em cada detenção. Estamos aprendendo nesse processo. São 30 dias de manifestações com coisas como coquetéis molotov, pessoas mascaradas, estilingues incendiários e pedras portuguesas arremessadas contra policiais. Não há planejamento rígido. Não existe protocolo no mundo para atuar com turba, disse o secretário Beltrame.
Durante entrevista à imprensa, hoje, o comandante da Polícia Militar disse que a instituição vai voltar a usar armas não letais como balas de borracha e gás lacrimogêneo. Segundo ele, um acordo feito com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e instituições como a Anistia Internacional, para que a polícia evitasse usar essas armas, não deu certo.
O presidente da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz, disse que o problema não é esse, mas sim que há a ausência da polícia para evitar os atos violentos, como saques e depredações.
Edição: José Romildo
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. É necessário apenas dar crédito à Agência Brasil
5 Comentários
Faça um comentário construtivo para esse documento.
O foco está na polícia do Rio, mas tudo leva a crer que não seja um privilégio da polícia daquele Estado. O que venho acompanhando a algum tempo, informalmente, leva a crer que os pelotões de elites (choque, Rotam, Bope) são os que recebem capacitações continuadas, os demais, salvo quando os policiais são promovidos de patentes, não recebem esses treinamentos. continuar lendo
É elementar as manifestações sociais, é um Direito Legitimo, seja ela, pela greve; pelo judiciário, ou até mesmo pelo distúrbio, pois é uma forma de argumentar o lado socioeconômico, é um "claim" social, ainda mais quando existe o abuso institucional e o desrespeito das garantias fundamentais. Do ponto de vista social, a Polícia não deixa de ser representante da Segurança do povo, e não contra o povo, e a favor de meia dúzia de politiqueiros. Portanto, antes do uso e do abuso de armas e munições mesmo que de borracha, é necessário o uso da inteligência policial. Mas infelizmente isto se esbarra no sistema que não cumpre os ditames da Segurança e ainda paga mal. É por isso, que a polícia não tem orientação para lidar com direitos que também são deles. Ainda existem dois tipos bem distintos a serem combatidos nas manifestações, são eles: Os arruaceiros políticos, e alguns políciais encapuzados disfarçados na turba para tumultuarem e bagunçarem o real propósito daqueles que estão reinvindicando. continuar lendo
Em face das argumentações da cúpula da policia militar do rio, e do seu governador, fica evidente que, todo o aparato de segurança pública do Estado brasileiro não acompanhou os ventos democráticos da constituição de 88, entre a prevenção e a repressão, a escolha recai na ultima opção. As nossa autoridades, não querem ser questionadas, muito menos desautorizadas em suas ações deletérias, no modo de gerir o bem público e ao se locupletar com as ações de governar. continuar lendo
Achei impressionante a falta de respeito com os manifestantes. Não vi, em nenhum pronunciamento de autoridades governamentais qualquer referência ao manifesto. O quê as milhares de pessoas que, pacificamente, durante mais de 5 horas reivindicavam em frente a casa do governardor? Quem os ouviu, quem conduziu a manifestação para um entendimento? Sequer as placas indicativas das insatisfaçoes foram filmadas.... A manifestação foi o pano de fundo porque para as nossas autoridades somente interessa saber "como reprimir os baderneiros".... Se a cada manifestação houvesse a coragem dos governantes de entender ou resolver as questões, seria um bom começo para evitar a desordem. Fala sério, depreende-se de tudo que estamos vendo é que manifestação ´pacífica não tem voz nem vez.... As autoridades só conseguem ver e valorizar a bagunça e vêm ao jornalismo com as caras de "ués" para tentar manipular a sociedade para obter autorização de agir também com violência. Isso é o começo de uma guerra civil. continuar lendo